Enquanto existir a falha
Que se transforme em fábula
Enquanto partir a revoada
Haja rumor nas coisas despertadas
Rumor nas coisas, todas elas
Sussurrando entre fachadas
Transitam matéria e tempo
No golfo repleto de palavras
Gelado mar parte a galope
Por cima dos reflexos de prata
A memória de pé, glória amputada
Desabitada ilha, estreito, vaga
Nas lendas do território
O mesmo sol condena e salva
Enquanto eu morro lentamente
No silêncio da noite soletrada
Fala-me do mar, do sabor da
Frase evocada, dá-me algum ar
Ocupa a palavra reduzida, densa
Face contra face, lata amassando lata
A brasa, a gota, o ritmo da fala
O nome sujo, o pacto sem asa
A palavra advinda, contradita
Talhada à faca até ser nada
Além daqui é o traço que separa
Édipo da Esfinge, ou de Jocasta