Cada minuto passa
E eu fico mais antigo.
O corpo é um território
Que carrego comigo.
Cada minuto passa
E, indene, a carne fria
Assume a consistência
Do que nem pele tinha.
Cada minuto passa
E a vida cobre a alma
Com camadas. O ar é
Duro, cortado à faca.
Cada minuto passa
E sou o que não nomeio.
Cada minuto vai
À frente do primeiro.
Cada minuto passa
E sinto mas não vejo.
Cada minuto segue
À frente do desejo.
Não há ciência sem
A descida ao inferno.
Nem há eterno sem
O istmo do corpo.
Cada minuto passa e
É pele, ausência, istmo,
Corpo, desejo à faca,
Alma em busca de ritmo.
Manoel Olavo
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