30 de novembro de 2011

É BOM SENTIR-TE COMIGO

É bom sentir-te comigo novamente;
Partilhar contigo o legado do dia,
A manchete do jornal, o riso, a vida.
É bom estar aqui e saber-te advinda,
Pétala de sal, lençol de água corrente,
Sopro que, escondido, me sussurra baixo;
Ouvir-te falar de mim, às vezes grave,
Às vezes menina; saber porque sonhos
O teu coração navega. Hoje eu sei mais
Do que supunha antes, pois compreendi
Que sou de ti só a legenda e o pedaço;
Que me perdi sem vê-la; que és minha tela,
Minha múltipla missão, minha elegia,
Matéria sem a qual nada sobrevive.
Tua ausência dói. Sem ti, minha poesia
É estio, naufrágio dentro do silêncio.

Manoel Olavo

22 de novembro de 2011

A LINDA MULHER



A linda mulher
Percorre a aleia
Cercada de pedras

Em seu olhar
Ofício de lava
E fastio sensual

A mais bela
Figura viva
Ri-se ao voar

Não me iluda
Ó tela de sombras
É hora de acordar

De buscar aquela
Que dança enquanto
Todos vão sonhar

Sozinha na aldeia
Coberta de árvores
A morte ela vencerá

Nada dirá
Encolhida e nua
Sob a luz gelada

Magia de avistar
E beijar a capa de
Cetim em sua nuca


Manoel Olavo

14 de novembro de 2011

ANTES DE MORRER

Antes de morrer
Rejuvenesça!
Inato, ligeiro
Seja sempre seu
O primeiro sonho
O último grito
O imprevisto fato.
De nós, esperam-se
As maravilhas
Um mar de ilhas
Um norte, um sol
Que não se apaga.
Não esta pálida
Lua amarga.


Manoel Olavo

10 de novembro de 2011

ECLIPSE


As portas fechadas
Afastam a luz do
Quarto do poeta

Que sonha com
Manhãs de prata
Mas é eclipse total

Manoel Olavo

9 de novembro de 2011

MUSA

Ó musa, afinal, chegaste
Não sei se concebida ou espontânea
Mostrando a paixão das coisas nomeadas

Nem boa nem má, trouxeste
A face e os substantivos fartos
Silhueta desigual de aço e arestas

Musa, quando chegaste
Contigo havia muita gente morta
A sintaxe universal dos encantos
Ainda não se dera
E eu, de tão aflito,
Fiz promessas vãs

Hoje pouco te peço
Só quero estar a sós contigo
Tocar-te a pele branda
Sentir amor e frases
Como as concebo

De teu olhar, além
Um novo começo

Manoel Olavo

VENTO ELÍSIO

Lento e minucioso meu sopro caminha Por seu corpo nu pele branca à mostra. Eu, Elísio, vento soprando na fresta Inspeciono cada ponto oculto...