Lento e minucioso meu sopro caminha
Por seu corpo nu pele branca à mostra.
Eu, Elísio, vento soprando na fresta
Inspeciono cada ponto oculto.
Cada impressão deste contato
Fica comigo na memória
Da passagem do corpo pelo vento.
Pra sobreviver, o sopro vira verbo,
O esboço visual vira palavra.
Por isso não desprezo o verso,
Seu efeito evocativo. Louvo
Assim este esforço de som
E sentido, sintaxe da permanência,
Capaz de retê-la, relevo e pele nua,
Arte e efeito de habitar o meu
Domínio, embora comigo não
Esteja, nem sequer consinta.
ENVOI
Lento e minucioso meu sopro caminha
Por seu corpo nu pele branca à mostra.
Não ouso abandoná-la aos elementos
Antes tê-la em verso que perdida no vento.
Manoel Olavo
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