2 de julho de 2011

FÁBULA



Enquanto existir a falha
Que se transforme em fábula

Enquanto partir a revoada
Haja rumor nas coisas despertadas

Rumor nas coisas, todas elas
Sussurrando entre fachadas

Transitam matéria e tempo
No golfo repleto de palavras

Gelado mar parte a galope
Por cima dos reflexos de prata

A memória de pé, glória amputada
Desabitada ilha, estreito, vaga

Nas lendas do território
O mesmo sol condena e salva

Enquanto eu morro lentamente
No silêncio da noite soletrada

Fala-me do mar, do sabor da
Frase evocada, dá-me algum ar

Ocupa a palavra reduzida, densa
Face contra face, lata amassando lata

A brasa, a gota, o ritmo da fala
O nome sujo, o pacto sem asa

A palavra advinda, contradita
Talhada à faca até ser nada

Além daqui é o traço que separa
Édipo da Esfinge, ou de Jocasta

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