25 de agosto de 2011

POENTE



Deus se escondeu num cenário de vidro
E vi que as coisas de mim se despediam
Pois tudo é mortal, o passado tem a sua hora.

Assim perdi a inocência.
Levo comigo, ao tribunal,
O inferno dos atos repetidos.

Esvaziado e livre de mistérios
Meu olhar finalmente se interroga
Mas, nascituro, pouco vê.

Deus se escondeu de mim
Apesar do esforço dispensado
E o mundo não se transformou

Salvo essa vontade de esquecer,
De renunciar, de explodir na rua,
Dor da minha alma sem sextante.


Manoel Olavo

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