Deus se escondeu num cenário de vidro
E vi que as coisas de mim se despediam
Pois tudo é mortal, o passado tem a sua hora.
Assim perdi a inocência.
Levo comigo, ao tribunal,
O inferno dos atos repetidos.
Esvaziado e livre de mistérios
Meu olhar finalmente se interroga
Mas, nascituro, pouco vê.
Deus se escondeu de mim
Apesar do esforço dispensado
E o mundo não se transformou
Salvo essa vontade de esquecer,
De renunciar, de explodir na rua,
Dor da minha alma sem sextante.
Manoel Olavo
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