3 de junho de 2010

EMBORA

Seu rosto não é meu

Mas eu relevo. Seu

Corpo não vem

Mas pouco importa.

Embora seus olhos

Não me fitem único,

Os dias não sejam bons,

E você de fato não exista,

Nem eu possa tocar suas

Mãos sob a mesa,

Embora eu nem

Ao menos fale nisso,

Disfarce, cantarole,

Ignore sua ausência,

Embora essa gente nula,

Morna, incompetente,

Embora tudo esteja aqui

E não me baste, embora

O dia não traga a boa

Nova, que seria vê-la,

Eu respiro fundo, me calo,

Relativizo a dor e os fatos,

Pressinto a dádiva

E levo seu olhar adiante.


Manoel Olavo

Um comentário:

  1. Manoel é engraçado...ás vezes uma frase, um verso acaba nos dando um poema inteiro. aquele "há sem dúvida "do teu mural foi minha inspiração para um outro poema "Gosto de saudade" e este seu "embora" está belíssimo! meu carinhoso abraço pra ti

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