Peço licença para sentar do seu lado
E a cabeça reclinar suavemente
(O sonho está comigo, eu o carrego)
Meus olhos já viram morrer flor e Império
Meus olhos doem de dor e júbilo
Vêem cores cativantes, que partem...
Peço licença para lhe falar um pouco
Quem sabe ousar um canto, um tímido relato;
Eu quis andar a sós em nuvens de sono
E a argila do tempo veio e fez-se pedra.
Fez-se pedra viril, inconteste – e todos os amores
Vãos, os segredos inconfessáveis, todos eles...
Todos os enganos, os beijos negados...
As horas de adeus nunca previstas...
A ingratidão, o biscoito de polvilho
Sua alma, seu jardim, a inocência do pássaro
Os dias em que eu brincava de caubói
Os risos de manhã, os cabelos de franja
O gosto de jabuticaba, os seixos...
O rio, ah, o rio: engenho e artefato de tantas horas...
Muita coisa para lhe contar mas o dia já chega
Tudo está aqui, nosso coração secreto, uma paliçada
No entanto o tempo volta e nos carrega
E eu desabo hoje do seu lado, alheio
E vem este silêncio sobre laranjais ocultos.
Manoel Olavo
2 de abril de 2010
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