9 de fevereiro de 2011

TOADA DO PÁSSARO SEM NINHO


Na soleira da casa
Em que fiquei sozinho
Eu canto uma toada
De pássaro sem ninho.

Vivo só entre os restos
Da minha infância morta.
Verdades? Sonhos? Mitos
Que me deixaram à porta?

Não sei, mas não lamento.
Ali não fui feliz,
Nem tive sorte ou tento:
Ave que ninguém quis.

Apesar da ilusão
Eu, junto da família,
Sentia a solidão
De náufrago na ilha.

Às vezes imagino
Consertar o passado:
Inventar um menino
Que se soubesse amado.

Não sei se realmente
Um dia o conheci.
Nasci entre essa gente:
Nunca lhe pertenci.

Manoel Olavo

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