É meia-noite de um dia de abril
E eu estou quase morto
Talvez você possa me salvar
Se eu lhe disser a verdade
Se entre dentes lhe contar
O mito sentimental que deixei de lado
Contar como é difícil
Apagar miragens
Deter as coisas imaginadas
Comê-las vivas
Ignorar a tinta
Que escorre da manhã
Amores ternos, encontros trêmulos
Serões, anéis, gemidos
É duro ofício
Achar alguma substância
Tentar ser íntegro, coerente
Mas você não vem, eis a verdade
Eu quase morto
Arrefeço e então me calo
Opaco como um olho de cadáver
Como um punhal, uma alça de esquife
Tanto pragmatismo fere, desconcerta
Antes, havia sonho em mim
Agora, nada
Não foi você
Não foi o amor
Quem me deixou assim foi a vida
Manoel Olavo
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