27 de maio de 2010

TALVEZ

Escuta. Deixa eu te dizer mais claramente. É verdade que te amo. Que penso em você todo o tempo. Que antes de você chegar, eu estava aflito, o mundo exibia o medo irreal dos pesadelos, daqueles em que a gente não consegue acordar, porque você não vinha. Você me vê como um farol ao longe, a luz que vem do teu olhar não me revela, me reúne. Mas talvez não seja isso. Talvez você não tenha vindo. Talvez eu te fantasie, te invente, e você pareça ser assim só nos meus sonhos. Eu te procurava e, por não te achar, acabei te inventando. Eu posso agir assim, sou um amador na rota dos amores. Talvez você seja banal, ressentida, igual às outras, mas eu não vejo assim, ah, meu amor, não me deixe ver assim, eu não posso, não quero ver o que meus medos insinuam, prefiro me atirar sobre teu corpo e mergulhar no mar azul e colossal que cerca nossos sonhos.

Manoel Olavo

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Lento e minucioso meu sopro caminha Por seu corpo nu pele branca à mostra. Eu, Elísio, vento soprando na fresta Inspeciono cada ponto oculto...