Velhos casos de amor, encontros adiados.
Sonhos de salvação, medos, expectativas.
Desejos comuns se arrastando pelas valas.
E valores diferentes! Sim, nós dois os temos.
Somos produtos sociais de tempos de crise.
Filhos de gente não recomendável, seres fronteiriços.
O ódio e a ilusão são o alimento farto em nossas vidas,
Na dor de existir e querer gozar em dobro.
Pois haverá choro e ranger de dentes.
Nossa língua falará sem dizer nada,
Sem se mostrar de fato.
Um arqueiro cairá morto sobre a casa.
Os deuses se cobrirão de ouro, com luvas de pelica.
Nós dois seremos despedaçados.
Há uma avenida de corações partidos entre nós
E muita gente feliz vivendo junta.
Há bem mais do que isso, mas a verborragia romântica
Às vezes cansa. E não é lícito comparar paixões,
Odores, climas, mucosas.
Não é lícito forjar mentalidades.
Tantas noites eu saí por aí,
Se você soubesse, e mendiguei afagos.
Tantas noites eu fui doido, feroz, autoindulgente.
Agora, não, eu canto de madrugada.
E o meu lamento soa no terreiro
Enquanto não brilham as luzes da Broadway.
Manoel Olavo
isso é lindo de doer!
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