22 de novembro de 2012

NUM ÚNICO PONTO



E todas as coisas se condensaram
Num único ponto. Ali estava a vida
Inteira, resumida, pormenorizada.
O tempo desabou, como grama  
Cortada pela lâmina da adaga.  

Acabou o esforço inútil de buscar
A identidade, a explicação, a parte
No todo, o antes e o depois. Domada,
A necessidade passou, o seu peso
Ficou leve. A luta se encerrava.

Livre, tomado de luz, eu caminhei
O mais silenciosamente que pude.
Não compreendi o que podia ver.
O que chegava à minha pupila
Era o reflexo anterior de tudo.


Manoel Olavo

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