I
Espere, não quero
Que você se suicide
É preciso estar
Entre os viventes
Talvez devesse
Ficar em casa
Longe do laço
Mortal dos afetos
Expandindo
O seu silêncio
Parece pouco, eu sei
(A eternidade que consola)
Um flanco aberto
Na cadeia de contrários
Lá, mais uma vez,
Irá brotar angústia
II
O amor vem
Em meadas
Convoca e,
Depois, esmaga
Talvez viva de
Histórias desfeitas
III
Pouco a pouco
Voltará ao mundo
Sublunar, coberto
De escombros
Pouco a pouco
Voltará ao mundo
Feito para resistir
Ou ficar à margem
Questão de tempo
E de vocação caseira
IV
Há uma fome
Em mim
E ela prenuncia
Outra forma:
O fora da lei
A fagulha no
Raso do rio
O gozo antes
Do último grito
O vazio antes
De qualquer origem
V
Espere, não se suicide
Faz sol em seu poema
Espere, não se suicide
Faz sol em seu poema
Manoel Olavo
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