28 de agosto de 2012

EMBORA

Seu rosto não é meu
Mas eu entendo. Seu
Corpo não vem
Mas pouco importa. 
Embora seus olhos
Não me fitem único, 
Os dias não sejam bons,
E você de fato nem exista,
Nem eu possa tocar suas 
Mãos sob esta mesa,
Embora eu nem 
Ao menos fale nisso, 
Disfarce, cantarole,
Ignore sua ausência, 
Embora esta gente nula,
Morna, incompetente,
Embora tudo esteja aqui
E não me baste, embora
O dia não traga a boa 
Nova, que seria vê-la,
Eu respiro fundo, me calo,
Relativizo a dor, o fardo, os fatos
Pressinto a dura dádiva
E levo seu olhar adiante.

Manoel Olavo

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