4 de janeiro de 2012

MAR


Mar
Numa palavra
A armada se arrisca

Por cima do papel
Cruzando a fronteira

Um barco
Corta o vai-e-vem
Das velas latinas

O desenho
Da esquadra
Cresce no
Horizonte

Sabe você de onde vem o mar?
De onde partiu o navegante?

Sabe por que batem as ondas
Contra o cais das naus envelhecidas?

O manto de vapor
Encobre águas poderosas

Efeito da carne dividida
Entre a dimensão do mar
E a vontade de queimar numa pira ígnea

Chamas que vão para o alto
Além do ponto onde está a sentinela

Silenciar, calar a própria voz
Conter num lugar comum
O sopro da fala

Mas ela é súbita
É limite sonoro
Cala a todos que tentam
Desvendá-la, sem dizer
Por qual desvão escapa

Nem só de mar
Nem só de pira
Vive o homem

Ninguém
Fica comigo
Em busca de
Som e fúria

Na hora agá
Eu me desfaço
E morro, chama
Ígnea, pira na
Rota dos astros

Mas havia alguém
Havia alguém lá
Que me chamava

Homem é esse
Frágil cordão de fala


Manoel Olavo

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