31 de agosto de 2011

POEMA AZUL



Eu quero um poema azul
Azul matizes do céu
Azul das cores do mar

Azul da íris de alguns
Azul poeira estelar
Azul pincel de Monet

Eu quero um poema azul
Como a tinta na caneta
Que escreve um azul-poema

Existe poesia em mim
Como no primeiro dia:
Azul, azul, azul, azul...?

Serei cantor das antigas?
Serei DJ com bluetooth?
Serei moderno pintor

Do azul que vem de você?

Manoel Olavo

25 de agosto de 2011

HOJE PENSEI EM TI


Hoje pensei em ti
E senti a tua falta

Contigo
A palavra
Goteja sangue

E a dor é o
Mergulho das águas 


Manoel Olavo

POENTE



Deus se escondeu num cenário de vidro
E vi que as coisas de mim se despediam
Pois tudo é mortal, o passado tem a sua hora.

Assim perdi a inocência.
Levo comigo, ao tribunal,
O inferno dos atos repetidos.

Esvaziado e livre de mistérios
Meu olhar finalmente se interroga
Mas, nascituro, pouco vê.

Deus se escondeu de mim
Apesar do esforço dispensado
E o mundo não se transformou

Salvo essa vontade de esquecer,
De renunciar, de explodir na rua,
Dor da minha alma sem sextante.


Manoel Olavo

24 de agosto de 2011

TEMPORAL


Nesse temporal
Teu nome é diagrama.

É um pó de letras
Na inundação.

Eu não vou dizê-lo.
Não quero trazer

Teu nome secreto
De volta entre os escombros.

Mas são partículas
Rimas sílabas fonemas

Cercando o cais destroçado
Num naufrágio de avessos.

A água (se um dia evaporar-se)
Deixará teu nome mineral

Em insolentes camadas;
Finalmente, como pedra.


Manoel Olavo

22 de agosto de 2011

A CADA HORA


A cada hora

Um significado


Em cada dia

O dia anterior


A cada minuto

O mal rebenta


E essa dor

Ausente

No meu

Corpo

Grita


Manoel Olavo

20 de agosto de 2011

VIGÍLIA


Ele caminhava pela estrada

A duras penas.

Bem além, o ponto de chegada,

A cada passo dado,

Mais longe ficava.

(A proximidade afasta

A hora prometida).

A um possível encontro seu,

Entretanto,

Uma íntima esperança florescia.


Manoel Olavo

VENTO ELÍSIO

Lento e minucioso meu sopro caminha Por seu corpo nu pele branca à mostra. Eu, Elísio, vento soprando na fresta Inspeciono cada ponto oculto...