Além
Após passar o dorso
Pela fresta da muralha
Seguir a espiral que espalha
Milhares de trilhas
Após mãos crispadas tatearem
Os ramos de artérias bifurcadas
Após teu passo
Percorrer aléias que tapam
O vazio além do penhasco
O artifício
A queda no abismo
Mas eu estive lá
E vi o dia devastado
E vi o dia devastado
Vi o sangue escasso
Num corpo de pó e vidro
Vi a caldeira acesa
A espessura do silêncio
A noite sem cor da lâmina invisível
Como pude não enternecer o coração?
Como pude ignorá-lo?
Beijaste-me e foi pior
Do que haver-te desejado
Cansado
Após passar o dorso
Pela fresta da muralha
Tudo o que vejo é o mar na minha frente
Manoel Olavo
eu vim, li , vi e senti a beleza escorrendo de teus versos! Feliz Ano Novo
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