Por ora fica adiada a primavera
Fica suspenso o espetáculo
Não colherá jamais
A indestrutível rosa
Não suportará tanta
Tortura e lágrimas
Que espera você das coisas
Se elas desmancham ao toque das mãos?
Se elas pendem indiferentes
E se quebram como vidro?
É preciso agir de outro jeito
Pensar uma nova ordem
A natureza tece tramas desiguais
E seus olhos veem cores primárias
A mão do mal pousa do seu lado
Mas você nem ao menos percebe
Como um ser tão imperfeitamente formado
Deseja flutuar por nuvens à deriva?
A vida aqui desembarca
Sua dor entre coortes
A paz é o caminho que aplaca
Sua febre sem remorso
Seu mapa de ruínas
Seu juízo torto de erros cometidos
E pra você, que só vê
Poeira e esfinges
Qualquer instante de luz
Será inútil e indecifrável
Lúcifer disfarça
Ser o preferido de Deus
Manoel Olavo
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