21 de novembro de 2020

NÃO SE SUICIDE


I

Espere, não quero

Que você se suicide


É preciso estar

Entre os viventes


Talvez fosse melhor

Ficar em casa                                                                                          


Longe do laço 

Mortal dos afetos


Expandindo

O seu silêncio


Parece pouco, eu sei

(A eternidade que consola)


Um flanco aberto

Na cadeia de contrários


Lá, outra vez,

Vai brotar a angústia 


II


O amor vem

Em meadas


Convoca e,

Depois, esmaga


Talvez viva de

Histórias desfeitas


III


Pouco a pouco

Voltará ao mundo


Sublunar, coberto

De escombros


Pouco a pouco

Voltará ao mundo


Feito para resistir

Ou ficar à margem


Questão de tempo

E de vocação caseira


IV


Há uma fome

          Em mim

E ela prenuncia


Outra forma:

O fora da lei


A fagulha no

Raso do rio


O gozo antes

Do último grito


O vazio antes

De qualquer origem


V


Espere, não se suicide

Faz sol em seu poema


Manoel Olavo

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