8 de fevereiro de 2017

UM ESPELHO IMERSO EM SUAS ÁGUAS



               I

Assalto do primeiro
Amor, primeiro gosto
De beijo, primeiro gesto
De estremecimento

               II

Minha alma estropiada
Consegue ver o sol
Desfocado na retina
Na linha interligada

               III

Por que querer-te assim
Com tanta precisão de
Toques e sentidos? Por que
Sair do mundo das palavras

               IV

E percorrer saliências
Medidas sulcos sibilas
Onde tudo é corpo
E nada é acontecimento?

                V

Contigo desperto e alcanço
Palavras que a língua não enlaça
Aliança de iguais e de contrários
Um espelho imerso em suas águas


Manoel Olavo

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