12 de junho de 2013

QUANDO CHEGUEI


Quando cheguei a festa tinha acabado:
O coração do texto estava à mostra,
Todos os estilos concluídos.

Quando cheguei eles faziam
Outra coisa, panfleto identitário, formalismo russo, exegese construtivista,  por aí.

Quando cheguei, pra variar,
O melhor da festa já tinha acabado
- Tem sido assim, na minha geração.

Quando cheguei, não havia lágrimas,
Salvo as de minha infância
(Embora a infância, em si, não seja poesia).

Mas as primeiras lágrimas são únicas.
Depois é a tentativa de chorar de novo,
Ou de fazer poesia como da primeira vez.


Manoel Olavo

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