Enquanto existir a falha
Que se transforme em fábula
Enquanto existir a trilha
Que se desenhe um mapa
Enquanto vier o emissário
Haja rumor nas coisas despertadas
Rumor das coisas, todas elas
Sussurrando entre fachadas
Chão da ilha cheio de ossadas
Som de palavra inconfessada
Um elo oculto une os elementos
Arruma-os em torno da armada
A memória em pé, a glória amputada
Desconhecida ilha, espuma, vaga
Navegar no curso que segue
O farol apagado na margem oposta
Gelado mar parte a galope
Na crina dos reflexos de prata
A mitologia dos sinais, o cetro
A sina, a nau que se destaca
Nas sendas do território
O mesmo mar liberta e mata
Transitam matéria e tempo
No cais lotado de palavras
Fala-me do mar, do rigor da fala
Evocada, dá-me um pouco de ar
Habita a palavra reduzida, densa
Face contra face, lata torcendo lata
A chama, o ar, o ritmo sem fala
O nome sórdido, o grito dentro d´água
A palavra advinda, contradita
Talhada à faca até ser nada
Além daqui é o risco que separa
Édipo da Esfinge, ou de Jocasta
Manoel Olavo
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