12 de fevereiro de 2010

OS SERES CANTAM

Quem dormirá comigo nesse leito
De carícias tardas ao longo do dia?
(Eu que nunca quis o amor galante
nem pretendi assim glorificá-lo...)

Absorto, eu erro na paisagem
Calcinada, de árvores caídas,
De picos intermináveis. Choro
O que já tive outrora, sem sabê-lo.

Símbolos obscuros invadem minha alma,
Matéria exposta ao caos e ao recomeço,
Imersa em pó, gás, seiva e passos lentos,
A impor sua fatal humanidade.

Enquanto o mar, o deserto do Sinai,
A morada dos deuses, ao longe, acenam,
- Embora ermos ou petrificados -
Os seres do amor ainda cantam.


Manoel Olavo

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