26 de novembro de 2019

ESPELHO IMERSO EM SUAS ÁGUAS



               I

Assalto do primeiro
Amor, primeiro gosto
De beijo, primeiro gesto
De estremecimento

               II

Minha alma tensa
Consegue ver o sol
Grudado na retina
Clara flor entrelaçada

               III

Por que querer-te assim
Com tal precisão de toques
E sentidos? Por que sair
Do mundo das palavras

               IV

E percorrer medidas
Saliências saltos sibilas
Onde tudo é corpo e
Nada é conhecimento?

                V

Contigo desperto e alcanço
Palavras que a língua não fala
Aliança de iguais e de contrários
Um espelho imerso em suas águas

Manoel Olavo

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