25 de novembro de 2013

FOME

Fome: fome de ver a forma bronzeada
Fruí-la redonda, virginal ou seminua
Na maciez de altos e baixos exibidos.
Nem fartura nem aridez: eis teu apogeu.

Fome: fome de ver a forma eviscerada
Rasgar o manto que recobre as aparências
Pois o olhar, na avidez das visões extintas,
Vem devorar o coração da matéria exausta.

Fome: sílfide ou vestal, tu és a besta.
A baga nua perde o sumo, ateia fogo.
Teu volume-cor dissipa-se na retina
Desfeito em luz e em prazer suposto.

Fome: a que ousa chegar sem aquiescência.
Dado febril, brutal, de consumo imediato.
Dos fascínios coletivos, o mais premente.
Antiasceta por excelência – és maldição?

Manoel Olavo

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