4 de julho de 2013

SABIA



Só sei que, de longe, eu te adivinhava
E me adivinhavas do mesmo jeito
(Podias me ver entre a luz e a sombra)

Assim eu sabia do gramado, da varanda, do pé-direito alto
Do telhado, da escada, da mesa de jantar, do edredom branco
Sabia das plantas, do cinzeiro, da estante de livros
Do que te pertencia, menina
Do teu recato

Sabia do jardim que planejavas
Do vaso de jasmim, das flores plantadas
Da lágrima sutil que insiste em cair
De teus olhos

Sabia de você, menina solitária
Sobre a pedra, sempre pensando
Lá onde a dor te enclausurava
E ninguém mais sabia

(Sabia também que  
Tens um jardim silencioso
Que não se pode conhecer)

Eu te sabia com tudo de mim
Com meu amor, minha falta
Eu te sabia como se visse
A primeira estrela em cima dos
                                   [pinhais
Aldebarã, na luz do meio-dia:
Somente tu e o teu segredo


 Manoel Olavo

2 comentários:

  1. Poema de grande sensibilidade, poeta!
    O cenário surge sutil e rico, a menina se torna íntima por suas bem colocadas palavras.
    Abraços!

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