26 de novembro de 2019
ESPELHO IMERSO EM SUAS ÁGUAS
I
Assalto do primeiro
Amor, primeiro gosto
De beijo, primeiro gesto
De estremecimento
II
Minha alma tensa
Consegue ver o sol
Grudado na retina
Clara flor entrelaçada
III
Por que querer-te assim
Com tal precisão de toques
E sentidos? Por que sair
Do mundo das palavras
IV
E percorrer medidas
Saliências saltos sibilas
Onde tudo é corpo e
Nada é conhecimento?
V
Contigo desperto e alcanço
Palavras que a língua não fala
Aliança de iguais e de contrários
Um espelho imerso em suas águas
Manoel Olavo
24 de novembro de 2019
INFINITO
Te olho. Há tanto tempo
Sei que te espero
Mas não digo. A palavra
Dita pesa e desencanta
Antes o gesto de amor
Antes teu sorriso, tua sombra
Antes teus olhos negros
Na beleza espessa do teu rosto
Antes tuas formas perfeitas
Antes a voz que emanas do ventre e verso
Abraça-me. Podes afinal aconchegar-te
(Displicente, pacífica, nua) no meu abraço
O infinito escorrendo de tua fonte,
Serenamente, teu olhar perdido nas estrelas
Manoel Olavo
Sei que te espero
Mas não digo. A palavra
Dita pesa e desencanta
Antes o gesto de amor
Antes teu sorriso, tua sombra
Antes teus olhos negros
Na beleza espessa do teu rosto
Antes tuas formas perfeitas
Antes a voz que emanas do ventre e verso
Abraça-me. Podes afinal aconchegar-te
(Displicente, pacífica, nua) no meu abraço
O infinito escorrendo de tua fonte,
Serenamente, teu olhar perdido nas estrelas
Manoel Olavo
METAMORFOSE
A brisa vem, nos envolve e é bem-vinda.
Eu nem fingi saber de onde tu vinhas
De que perdido jardim tinhas chegado
O vento te conduz e eu vi que eram muitas
As sementes de mulher, os dons da graça.
Os olhos todos germinando enquanto te abres
Um prisma te desfaz entre os elementos
E, de mulher que eras, viraste brisa, sumo, água, lira,
Flor de Adônis, fonte germinal e tudo foste um dia
Tudo, mulher, já foste um dia, assim oculta
Tão colossal que ainda me conforta e ama
Pois como vou viver sem tua brisa úmida?
Sem a tua metamorfose?
Manoel Olavo
EU NUNCA PENSEI
Eu nunca pensei que pudesse ser tão longe
Eu nunca pensei que durasse tão pouco
Eu nunca pensei que pudesse me esquecer
Eu nunca pensei que fosse se acabar
Eu nunca pensei que fizesse tanta falta
Eu nunca pensei que seria desse jeito
Eu nunca pensei que tivesse o bastante
Eu nunca pensei que doesse tanto
Eu nunca pensei que fosse passar
Eu nunca pensei que era tarde demais
Manoel Olavo
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VENTO ELÍSIO
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