10 de outubro de 2020

NUM ÚNICO PONTO



E todas as coisas se condensaram

Num único ponto. Ali estava a vida

Inteira, resumida, pormenorizada.

O tempo desabou, como grama  

Cortada pela lâmina da adaga.  


Acabou o esforço inútil de buscar

A identidade, a explicação, a parte

No todo, o antes e o depois. Domada,

A necessidade sumiu, o seu peso

Ficou leve. A luta se interrompeu.


Livre, tomado de luz, eu caminhei

O mais silenciosamente que pude.

Não compreendi o que podia ver.

O que chegava à minha pupila

Era o reflexo anterior de tudo.


Manoel Olavo

VENTO ELÍSIO

Lento e minucioso meu sopro caminha Por seu corpo nu pele branca à mostra. Eu, Elísio, vento soprando na fresta Inspeciono cada ponto oculto...